Meu nome é Joice, sou responsável do Distrito Pituba, e gostaria de compartilhar com vocês dos benefícios obtidos através da prática deste maravilhoso budismo. Minha mãe iniciou a prática do budismo quando eu tinha apenas cinco anos de idade, e por isso tive a boa sorte de crescer sendo orientada pelos princípios humanistas do budismo.
Bem, no final do ano de 2008 comecei a ficar insatisfeita com o trabalho que desenvolvia em meus dois empregos, pois trabalhava muito, ganhava bem, mas sentia um vazio muito grande e achava que eles não atendiam ao meu ideal de vida. Ganhar bem parecia não fazer sentido se eu estava me sentindo tão distante do que realmente queria, que era trabalhar ajudando de alguma forma outras pessoas.
No início de 2009, após uma viagem que fiz, comecei a ficar extremamente enjoada com tudo, e achei que estava com algum problema gástrico. No entanto, enquanto ainda fazia os exames, percebi que junto com o enjôo eu sentia uma sensação de medo muito intensa. Este medo começou a realmente me impedir de comer e de me concentrar.
Trabalhava com muita dificuldade, às vezes nem conseguia trabalhar, sentia tremores no corpo e não conseguia dormir direito. Tentava me forçar a comer, mas vomitava quase tudo. Sentia medo de coisas absurdas, mas não conseguia controlá-lo. Este medo me deixava o tempo todo sobressaltada, enjoada e com a sensação de depressão. A sensação era de extremo cansaço por conta da luta interna, e, ao mesmo tempo, de que a vida parecia não ter cor.
Durante a semana em que senti isso, a médica me informou que eu não tinha nenhum problema gástrico. Naquela época, eu estava com uma prática muito ruim, falhava bastante no meu gongyô, não fazia daimoku, e quase não participava das atividades, completamente engolida pela rotina pesada de trabalho e pelo torpor e preguiça nos momentos de descanso. Só depois eu percebi que andava sem ânimo para fazer nada, nem mesmo para me divertir. Neste momento, eu sabia que não havia outro caminho senão utilizar a estratégia do Sutra de Lótus. Retomei a minha prática, mas no inicio era muito difícil me concentrar no daimoku, ficava muito nervosa, mas me desafiava mesmo assim.
Estava emagrecendo muito e bem abatida, cheguei a perder 9 quilos. Naquele momento, mesmo me sentindo extremamente fragilizada, buscava a todo custo me recuperar, lendo as orientações do presidente Ikeda e orando cada vez mais intensamente.
Tive a boa sorte de encontrar um psicólogo extremamente competente, que me explicou que eu estava tendo uma crise fóbica de ansiedade, e também me tranqüilizou, me incentivando a trabalhar estas questões na análise. Determinei que enfrentaria esta situação de frente e que não tomaria remédios. Esclareço que estava devidamente acompanhada por um profissional, e que cada caso é um caso.
Fui me fortalecendo dia a dia na prática, e aos poucos transformando o medo em coragem. Me sentia fraca, mas com o tempo percebi que, em verdade, somente estava descobrindo a minha verdadeira força. Um amigo, certa vez, me disse que eu era muito corajosa, e que ele admirava aquilo. Eu questionei a ele: mas sinto tanto medo, como posso ser corajosa? E ele, que não é budista, me falou: porque em momento algum você pensou em desistir! Isso me fez perceber algo muito importante que tenho dentro de mim por ter crescido dentro da Gakkai: mesmo nos momentos em que me sentia sem forças, tinha em minha mente que poderia transformar qualquer coisa, sabia que deveria lutar até conseguir vencer.
Conseguia também enxergar que aquele momento era uma grande boa sorte, pois o universo estava me dando uma chance de me tornar uma pessoa mais forte e, principalmente, de tomar consciência do meu propósito de vida, que andava meio abandonado: lutar em prol da felicidade de outras pessoas.
Com o tempo, fui voltando a conseguir comer e a recuperar o meu peso. Mantinha sempre em mente, em minhas orações, a seguinte determinação: não importa o que eu estou sentindo agora, eu vou vencer! Eu posso estar muito mal agora, mas isto vai passar inevitavelmente! O inverno se tornará primavera, mas enquanto for inverno estarei aqui firme. Comecei a voltar a atuar em minha comunidade aos poucos, mesmo ainda me sentindo mal e insegura.
Bem, fui comprovando profundamente em minha vida a força do gohonzon dia após dia, e renasceu em mim o grande desejo de falar do budismo para as outras pessoas, como há muito tempo não fazia. A dedicação a esta luta pela felicidade das outras pessoas, através das visitas, da participação nas reuniões, trocando incentivos com meus companheiros, me faziam sentir uma imensa sensação de preenchimento, de felicidade, de sintonia com o universo. Me fez relembrar qual o meu propósito de vida: viver o meu amor pelas pessoas, e dar a minha vida para fazê-las felizes.
No inicio deste ano decidi voltar para a Coordenadoria Educacional da BSGI, da qual eu já havia participado anos atrás, que faz um trabalho maravilhoso em prol da educação humanista. Comecei a me dedicar intensamente ao educacional, e aprendi com a responsável como é maravilhoso se dedicar em prol de algo que você acredita, e que isso não é causa de sofrimento ou pesar, mas sim de grande alegria.
Nesse contexto, ainda não havia concretizado meu juramento seigan, quando recebemos, no mês de março, a visita de um jovem de São Paulo, e tive a boa sorte de ele poder visitar minha chackubuku. No caminho, fui falando com ele sobre ela, disse que ela já freqüentava atividades há algum tempo e que eu não sabia porque ela não decidia receber o gohonzon.
Daí comecei a falar a ele de meu noivo e de minha irma, que, de forma semelhante, não praticavam por algo que eu não sabia explicar, já que diziam acreditar que o daimoku funcionava. Ele entao me perguntou, ironicamente: nenhum deles pratica pelo mesmo motivo, porque será? Na visita, ele me fez enxergar, de uma forma clara, que a dúvida de minha chackubuku era a minha dúvida, pois, depois de quase três anos freqüentando atividades, ela decidiu receber o gohonzon em meia hora de conversa com ele.
Fiquei muito impressionada com este fato, e decidir rever minha postura e orar para que eles pudessem enxergar, por eles próprios, a força e grandiosidade do budismo Nitiren. Nesse contexto, acabei sendo nomeada responsável de distrito, o que decidi assumir com muita garra e disposição.
Bem, para resumir e finalizar, meu noivo decidiu receber o gohonzon por ter adquirido na vida dele a convicção na prática da fé.Minha irma também começou a praticar, fazendo gongyô e daimoku todos os dias, e superando as suas dificuldades com base na prática, o que parecia impossível há pouco tempo atrás. Quando estes fatos ocorreram, me perguntei: de quem era mesmo a dúvida? Aquele rapaz tinha razão.
A minha convicção refletiu neles de forma natural. Vejo de forma clara que estou a cada dia fazendo a minha revolução humana, cada vez mais imbuída na luta pelo kossen-rufu, mais feliz e mais forte. Por fim, estava orando para encontrar um trabalho onde pudesse cumprir a missão. Estava trabalhando somente meio turno e queria me recolocar profissionalmente.
Em meio a toda esta luta, fui convidada, no mês passado, para voltar a trabalhar em um local onde já havia trabalhado, com bom salário e carteira assinada, e com possibilidade de conciliar com os outros dois trabalhos. No momento, fiquei confusa, pois tinha em mente que queria trabalhar com projetos sociais. Este é um desejo que ainda acalento, mas no momento, me veio o benefício financeiro, que me permite dedicar à luta com tranqüilidade, juntar dinheiro para concretização de objetivos pessoais, e, finalmente, a seguinte percepção: como conseqüência desta luta, percebi que, não importa onde estejamos, se estamos em sintonia com o cumprimento de nossa missão, somos felizes.
Agradeço imensamente ao apoio e incentivos da minha mãe, do meu noivo e, sobretudo, de Ikeda Sensei, que me incentivou dia após dia com as suas preciosas orientações. Gostaria de finalizar com palavras de incentivo dele:
“Brilhem de radiante esperança. Jamais temam o mais difícil desafio. Seus sofrimentos serão o seu maior tesouro, a sua riqueza. Abram novas fronteiras que nunca desafiaram antes. Não se detenham com questões insignificantes, preocupando-se com o que os outros fazem ou deixam de fazer. Independentemente do que os outros fizerem ou da sua condição, levantem-se com coragem e iluminem seu próprio caminho.“
Obrigada!
Joice